quarta-feira, 30 de maio de 2007

Por que?


Por que eu fui tomado por um amor destinado há alguém que não merece?

Por que me apaixonei e me entreguei para quem nunca deu ou dará valor?

Por que me iludi tanto com um ser falso e egoista?

Por que deixei ver meus sentimentos pisados por um cordial vagabundo?

Todas as noites o que mais desejo é deitar a cabeça no travesseiro e, se não for pedir demais, sonhar com alguém que realmente me ame. Mas todos os meus sonhos e anceios são dissipados com o sopro do vento, e vejo minha vida ficando sem rumo, sem um pingo de perspectiva.

Nem as palavras me fazem mais companhia, e o que me resta são as lembranças dos sonhos destruidos. E a vida que sonhei para mim, vejo refletida em cacos ao chão.

Dizem que quando as coisas não terminam bem é porque ainda não terminaram, mas isso é apenas uma crença para os fracos que, inevitavelmente, não conseguem sobreviver às duras realidades mundanas. Tudo isso é para os covardes que se escondem em suas camas para não encararem a verdade.

Quem me dera ser um deles, pois ao menos algum lampejo de esperança me restaria, e talvez eu pudesse dormir em paz essa noite.

Geraldo Penna da Fonseca

Buzios, 29/05/2007


SAUDADES

Voce minha saudade!
Hoje recebi o vento
trazendo notícias de você!
Chegou com a imponência
de quem tem algo
verdadeiro a entregar!
Senti em seu sopro
um arrepio a envolver-me.
Fechei os olhos
e visualizei cenas
de um passado distante
tão vivo em meu coração.
Lembrei-me...
de nossos momentos serenos
de nossas brigas enfezadas
de nossas mágoas armazenadas
de nossas pazes recheadas de carinhos
de nossos sussurros indecentes
de nossos murmúrios de amor
entre lençóis perfumados
emaranhados em nossos corpos.
Ah !
Tempo de amor e de aconchego
entre dois seres
amantes e cúmplices
de um viver!
Hoje restou a saudade...
na certeza de um dia
lhe encontrar
por entre nuvens e estrelas
e nosso caminhar continuar!
Saudades de você...

CARVÃO

Surgiu como um clarão
Um raio me cortando a escuridão
E veio me puxando pela mão
Por onde não imaginei seguir
Me fez sentir tão bem, como ninguém
E eu fui me enganando sem senti
rE fui abrindo portas sem sair
Sonhando às cegas, sem dormir
NÃO SEI QUEM É VOCÊ
O amor em seu carvão
Foi me queimando em brasa num colchão
E ME PARTIU EM TANTAS PELO CHÃO
Me colocou diante de um leão
O amor me consumiu, depois sumiu
E eu até perguntei, mas ninguém viu
E fui fechando o rosto sem sentir
E mesmo atenta, sem me distrair
Não sei quem é vocêNo espelho da ilusão
SE RETOCOU PRA OUTRA TRAIÇÃO
Tentou abrir as flores do perdão
Mas bati minha raiva no portão
E NÃO MAIS ME PROCURE SEM RAZÃO
ME DEIXA AQUI E SOLTA A MINHA MÃO
Eu fui fechando o tempo, sem chover
FUI FECHANDO MEU OLHOS, PRA ESQUECER
Quem é você?
Quem é você?
QUEM É VOCE?
VOCÊ...

Apenas uma criança


Hoje estou só...
Sinto o mundo girando, e eu, como sempre, parado.
Fincado a terra, feito uma arvore velha, vegetal, uma subvida...
raízes longas, machucadas, sensíveis, me sustentam.
Maus tratos deviam me consumir as mesmas, mas não!!!
Eles me machucam, aniquilam, e só aumentam esses sustentáculos... que me sufocam.
Quero gritar...
Quero chorar...
Mas quem irá me abraçar e acalentar?!
Quem irá me recostar sobre seus ombros?!
NINGUEM!!!
As lagrimas travam...
Um nó nasce na garganta...
E me sinto feito uma criança, magoada, triste, ao ouvir seu pai dizer:
- Engole esse choro menino! Seja homem!


Geraldo Penna da Fonseca

Buzios, fevereiro de 2007